Querido estranho...

Não o quero tão perto de mim. Mas como se afastar do que está dentro de você? Às vezes a respiração dói, e você sente pena, de si mesmo ou do que existiu ali. Buscar a felicidade se torna tão lascivo quando a sua felicidade depende de outro. E sem saber se ele está feliz.
Os passos se tornam difíceis. É como se seus joelhos pertencessem a outra pessoa, você já não caminha sem ela. E ao mesmo tempo, não pode caminhar ao seu lado, porque seus caminhos não se cruzam, não mais.
Aí você busca um atalho, um jeito de deixar as coisas mais fáceis. E esse atalho é o sonho. E isso te ajuda a viver por um tempo. Mas o sonho acaba quando o sol nasce, e o dia é sempre uma parte dolorosa da vida, mas como tudo, tem um fim. E os sonhos nascem, e morrem a cada dia.
Um bafo químico tenta acabar com a dor, e com os dias. Tornar as noites mais longas, porque elas abrigam a esperança. Mas aí se percebe que quanto mais química, mais sono e menos sonhos. A fórmula não bate, mas o corpo já não reage, e o desespero começa.
O que fazer então? A vida parece fazer menos sentido a cada nascer de sol. Os sonhos já não satisfazem, o final parece ser obvio. Mas ai que a obviedade se traí, e o simples fica complexo novamente.
O sol se põe, os passos se seguem na calçada, difíceis ainda. E algo se ilumina, o inicio de uma vida, um sorriso. E o destino cruza com você, te faz ver que a vida não é tão feia.
E se inicia um novo ciclo, um novo amor. Um novo vicio, um pouco menos difícil. Mas a felicidade, sempre vai depender do outro. Mesmo sem nunca saber se ele é feliz.

Bem e mal, bom e mau, certo e errado, bonito e feio. Tóxico e saudável, fiel e infiel, leal e desleal, amor e ódio, atenção e indiferença. Doce e salgado, mentira e verdade, gato e cachorro, dependência e independência. Rico e pobre, amante e amado, esperança e desespero. Bem e mal, bom e mau.
Tudo tem seu oposto. Uns se completam, outros se eliminam. Mas pra cada fim tem um novo começo. Igual ou diferente.